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O trabalho integra a parceria institucional que busca a recuperação de nascentes em áreas degradadas.
Em mais um movimento do projeto Cabeceiras do Pantanal, o WWF-Brasil e o Instituto Aegea estiveram presentes no município de Jauru, região sudoeste do Mato Grosso, acompanhando a execução da segunda etapa de restauração florestal na Fazenda Araçatuba. O trabalho integra a parceria institucional que busca a recuperação de nascentes em áreas degradadas na região que abastece a bacia do Pantanal.
A equipe técnica retornou ao local, depois de um ano, para acompanhar a continuidade do trabalho de restauração ecológica, e realizar o plantio de oito mil mudas e 300 Kg de sementes de espécies nativas, em uma área de 14 hectares, contornando as nascentes que irrigam Córrego da Fortuna, ponto de captação para o abastecimento da cidade.
Esta etapa do restauro está se concentrando em APP-Áreas de Preservação Permanente localizadas à montante do Córrego Fortuna, principalmente, nos locais onde o estágio do processo erosivo encontra-se avançado, ou como são conhecidas: voçorocas. Estas estruturas são formadas em decorrência da retirada da vegetação ciliar para o desenvolvimento da pecuária extensiva local, e provocam a exposição do solo e, consequentemente, a desagregação e deposição em regiões topograficamente mais baixas.
Com apoio de instituições locais, técnicos agroflorestais iniciaram o trabalho com o cercamento de quatro nascentes e beira de rios para evitar o pisoteio do gado nessas áreas frágeis e susceptíveis. Em seguida foram realizadas contenções para a erosão, preparo do solo, controle de formigas e abertura dos berços para receberem as mudas e sementes. Estudantes do curso de Agronomia da Faculdade UniBRAS Quatro Marcos, da cidade São José do Quatro Marcos, também apoiaram no plantio onde foram plantadas 18 espécies diferentes de mudas, 22 espécies de sementes nativas, além de outras espécies de adubação verde que auxiliam na cobertura do solo, controlando o crescimento de gramíneas invasoras e herbivoria. Natural de Jauru, Caio Ferreira Oliveira, estudante de Agronomia, escolheu participar da ação para viver na prática o que vê em teoria na faculdade. “A gente sofre muito com a falta de água no período de seca e eu sei que essa ação vai nos ajudar bastante para termos água na frente”, afirmou.
Para esta região foram escolhidas técnicas de restauro florestal com o uso da adubação verde, intercalando as mudas de espécies nativas do cerrado brasileiro, com a muvuca de sementes, um mix de leguminosas fornecidas pela Rede de Sementes do Xingu. Juliana Assis, Analista de Conservação do WFF-Brasil, que atuou na Coordenação do Plantio de Restauração dessa APP, explica a importância dessas parcerias.
“A região de Jauru é um a área prioritária para o WWF-Brasil, e essa fazenda é importante por ser uma zona de recarga hídrica para abastecimento da cidade. Essa ação é fruto decorrente das parcerias do WWF-Brasil incluindo a Aegea, e de coletivos, como a Rede de Sementes do Xingu. Toda a biodiversidade que estamos inserindo nesse sistema é decorrente do trabalho de comunidades tradicionais que fortalecem essa restauração”, explicou.
E os efeitos já estão sendo percebidos. A Águas de Jauru, concessionária do grupo Aegea, que opera a produção e distribuição de água tratada e coleta de esgoto no município, percebeu melhoria na disponibilidade hídrica nesta estiagem. “Tivemos o ano de maior seca do Estado, com altas de temperaturas históricas, porém conseguimos sustentar a operação no município, evitando o desabastecimento, e entendemos que parte disso se deve aos resultados do projeto iniciado no ano passado.”, disse Ítalo Souza, Diretor-executivo da concessionária no município. Para Bruna, Coordenadora de EHS da empresa, essa ação beneficia toda a cadeia de produção de água tratada. “A gente atua não só plantando, mas a gente atua recuperando, e isso tudo ajuda a garantir que no período de seca vamos ter água disponível para abastecer a população, com qualidade e disponibilidade”, disse.
Para Maíra Sugawara, Coordenadora de Qualidade Ambiental do Instituto Aegea, esse projeto consolida o compromisso da Aegea com a disponibilidade hídrica nesse bioma. “Esse projeto é uma continuidade de uma parceria que a Aegea tem com o WWF-Brasil para tratar a criticidade do abastecimento e a resiliência hídrica deste bioma. Para além de estruturar melhor a cadeia de restauro, desde a coleta de sementes à parceria de capacitação do pessoal que vai fazer o plantio, a gente quer maior biodiversidade conservada na região e preservar os corpos da água, tanto na parte de quantidade, como de qualidade, diminuindo a presença de sedimento, e garantir a segurança hídrica para esse território”, disse.
As ações continuam sendo monitoradas pela WWF-Brasil por meio dos seus parceiros locais, incluindo a atuação de fornecedores, universidades, profissionais contratados e dos estudantes que acompanham o estabelecimento do projeto ao longo do ano. Dentro dos 3 anos da parceria,o WWF-Brasil espera restaurar ao menos 55 hectares de vegetação nativa em Áreas de Proteção Permanente (APP) em locais prioritários da paisagem.
Parceria Cabeceiras do Pantanal
A parceria entre o WWF-Brasil e a Aegea, uma das maiores empresas de saneamento do Brasil, tem como objetivo a recuperação de áreas degradadas por meio da restauração da vegetação nativa na região das Cabeceiras do Pantanal para a melhoria da qualidade e da disponibilidade hídrica na região. Entre as ações do projeto, estão a realização de diversos estudos e modelagens, o plantio em beiras de rios e nascentes, bem como o fortalecimento de organizações locais para a conservação e restauração da vegetação nativa do Cerrado e a conscientização da sociedade sobre a importância dos recursos naturais.